O senhor dos tempos
Domingo passado foi dia de Páscoa, celebração anteriormente relacionada com a primavera, período da colheita, mas com Cristo foi ressignificado, assim como o carnaval, arrematando o tempo quaresmal. A quaresma refere-se aos quarenta dias que Jesus se refugiou no deserto, sem comer e beber. Jesus como Deus encarnado era humano, homem de verdade, sabendo disso o anjo do mal busca tenta-lo três vezes por seu lado humano e corromper a missão redentora e a aliança com o Pai, iniciando-se na quarta feira de cinzas, este período de preparação, meditação, reflexão e atualização da morte e ressurreição de Jesus.
É bonito como ele também mesmo sabendo de tudo que aconteceria, muitas vezes precisava e tinha seus momentos de reflexão. Antes de ser entregue se retira com os discípulos e vai rezar, pedindo a possibilidade de revogar o mal previsto, logo após retoma arrependido dizendo que não fosse feita a vontade dele mas sim a do Pai, tomado por tão grande angústia, derrama lágrimas de sangue. As últimas palavras na cruz foram ''Pai por quê me abandonaste?'' É na dor do abandono e da mortífera solidão que se sensibiliza e expressa o humano, e no ''pai perdoe pois não sabem o que fazem'' derrama todo seu perdão e amor ao próximo em sacrifício divino. Essas últimas palavras declaram, apesar da dor física, a dor emocional podia ser ainda pior, pois sua postura foi sempre de mansidão ''como um cordeiro, no matadouro''. Ter sobre si a culpa da inocência, deveria ser intolerável, mas o tamanho da obediência em amor aos outros e ao pai e com a certeza de apenas ao morrer poderia ressuscitar e dar a vida eterna, faz com que aceite tudo e torne tudo aquilo minimamente suportável. E assim ressignificou por completo o sentido da morte. Sobreveio a mente, o fato de ter esperado três dias para ressuscitar.
Milagre não é truque de mágica. Na festa de casamento que Jesus e Maria foram convidados faltou vinho, Maria preocupada conversa com ele e então espera calmamente. Provavelmente aquilo não estava no planejamento, mas ali foi realizado o primeiro milagre a transformação de água em vinho.
José seu pai morre e ele teve de lidar com isso. Um grande amigo de Jesus, Lázaro adoece e quando ele chega havia 4 dias de sua morte. Como uma pessoa comum fica triste e chora com a perda. Depois pede que abram o tumulo e é feito o milagre. Isso demonstra como tudo tem seu tempo certo e que até ele teve de tolerar perdas e frustrações.
A Páscoa e o Natal como diz a música ''são tempos de conversão'', de mudança e transformação. Se na Páscoa temos a quaresma, no Natal temos o tempo do advento, quatro semanas de preparação para o nascimento de Jesus. Parece que nada é colocado fora do lugar, como está escrito não há nada que Deus não saiba. A vida pode trazer transformações grandes e pequenas. Os hábitos, como tal, são marcados por gradação e consistência. Fazer conversões no trânsito é muito comum, contudo requerem atenção e planejamento porque senão podem ocasionar um acidente.
Umas das frases marcantes durante a catequese foi ''entre as festividades a Páscoa é ainda mais importante do que o Natal''. É bonito como o nascer e o morrer não estejam no plano divino, no sentido de auto aplicabilidade, mas Jesus como Deus encarnado o faz por livre decisão, entretanto é uma realidade comum dos seres vivos. A ressureição é o ápice da história da humanidade e por isso a Páscoa deve ser e é, sem dúvidas, a celebração mais importante do calendário.
Outro ponto marcante é a traição de Judas ao vender seu mestre por 30 moedas de prata, mas também a de Pedro ao nega-lo três vezes. Após o ato Judas Iscariotes tomado pela culpa devolve o dinheiro e comete suicídio. Ao se matar nega a possibilidade de se perdoar e ser perdoado. Acabando em si mesmo restando-lhe para a história apenas o título de traidor. Um dia na praia Jesus já ressuscitado questiona o amor de Pedro três vezes. Pedro até fica triste e irritado com essa espécie de teste. Considero esse momento muito simbólico pois me faz pensar como Pedro deveria no mínimo amar na mesma medida ou mais a Jesus para aplacar a ferida da traição, e com isso ser o discípulo responsável pela construção e sucessão da Igreja e que com seus erros e acertos está de pé até hoje, nesses 2.000 anos guardião das chaves do céu.
Pilatos não foi traidor por excelência porque não tinha nenhum compromisso, mas não querendo condenar Jesus nem ir contra os fariseus que também compunham o poder politico da época transfere a decisão ao povo, mas essa manobra foi um tiro no pé e uma saída pela tangente, mesmo não sendo a favor da morte de Jesus, acata a escolha pois agora estaria contrariando o povo e poderia ser retaliado ou linchado. Pilatos lava as mãos duplamente tanto no sentido conotativo quanto denotativo. A consciente omissão é uma atitude, que o fez traidor de si mesmo.
Referências bíblicas
Lc 4, 2-13
Mt 26, 27
Jo 2,11,
Então o que acharam dessa reflexão de hoje, simples, complexa, interessante, comum, e etc...?
Escreva nos comentários!!!! 👇👇
Que o senhor possa abençoar a todos, e até a próxima erupção. 💖💥