E se vs IC?
Dia 23 de outubro, passou a ser mais uma data inesquecível, logo a se comemorar. Foi o SIICUSP (Simpósio Internacional de Iniciações Científicas da Universidade de São Paulo). Embora não tenha sido como esperava, o encerramento de um ciclo sempre nos traz reflexões e flashbacks significativos da trajetória. É uma sensação engraçada de perplexidade e mistura de satisfação e saudade, como em uma formatura.
Fazer uma Iniciação Científica foi muito importante, para mim, não só porque é algo incentivado pelos professores, como representantes da universidade, para incrementar o currículo, e em especial promover a carreira acadêmica, mas até mesmo a ‘’Imagmar-te?’’ deve-se a ela.
Exemplificando: O que é uma iniciação científica? Como diz iniciação científica, entrada na ciência, ou ser cientista-pesquisador. A iniciação seria um estágio em pesquisa. Você disserta sobre uma temática, geralmente de seu interesse em entender, problematizar, discutir ou solucionar. No mestrado você disserta, escreve sobre, no doutorado o tema deve ser original e não se defende uma tese, mas a sua tese. Você que prove!
Então voltemos, essa jornada começa no segundo semestre estava indecisa com qual optativa faria e acabei indo para a disciplina de ''história do cinema'', para a avaliação deveríamos escolher e analisar um filme, relacionado ou de acordo com o curso de cada um, no meu caso Têxtil e Moda, de no mínimo 10 páginas e produzir um curta metragem em grupo. (É interessante como a redação é uma parte muito importante e temida dos vestibulares, geralmente com espaço máximo de 30 linhas e na faculdade, como se da noite para o dia, você tem trabalhos escritos bem maiores e ainda a serem formatados segundo as normas ABNT).
Como tenho ''defendido'' nada é por acaso há um processo. Por vontade própria comecei a ler ''A história da vida privada'' de Philippe Áries. É comum em uma discussão as pessoas colocarem ‘’ A sociedade…’’ ‘’A mídia… `` como a figura do grande irmão de George Orwell, sinônimo de doutrinação, alienação e inferioridade. Isso me intrigava e até irritava, porque o ser humano convive e geralmente quer conviver com os outros, e o espelhamento é a primeira forma de aprendizagem e conexão social, e a medida do crescimento a personalidade vai se formando ocorrendo a individuação. O espelhamento e a individuação se movimenta de forma dinâmica, alternada e não auto excludentes, caso contrario pode trazer prejuízos ao indivíduo, e me incomodava essa hierarquização, ainda mais na atualidade não faz sentido esse discurso dentro da cultura neo-liberal capitalista, onde a liberdade parece ser um dos princípios supremos.
Enfim retomando, essa questão trouxe a imagem da Barbie, como modelo feminino ‘’do mal’’. A ideia primária seria descobrir como o ‘’figurino’’ dela era escolhido, no meio do caminho descobri o filme Barbie: Moda e Magia e o assisti, achei muito interessante certos elementos e mudei de ideia.
Resumidamente a história é essa: No mesmo dia da demisão seu namorado ''termina'' com Barbie. Então ela decide passar uns dias na casa da tia em Paris. Chegando lá toma conhecimento da situação financeira do ateliê de sua tia Millicent. Jaqueline, uma estilista concorrente, expiava e copiava as coleções dela. Enquanto conversava com Marie Alice, assistente do ateliê, surgem as fadas da moda. Elas ajudavam transformando as peças do desfile, organizado para o ateliê não mais ser vendido. Jaqueline apesar de ter sequestrado as fadas a magia causou mal odor em suas peças, e seu desfile foi um fracasso e os convidados se deslocaram para o de Milicent, e por sua vez foi um sucesso.
Foi uma experiência desafiadora e trabalhosa. Minha escrita era boa só para mim, tinha dificuldade de colocar pontos e vírgulas, por costumar ler rápido e em diferenciar as sentenças assim um parágrafo ficava muito grande. Quando fiz o seminário uma senhora, colega de classe, e a professora elogiaram bastante. Claro isso foi bom, porém me questionava se aquilo era verdade ou seria exagero. Como mesmo após a entrega sentia vontade de acrescentar mais, durante as férias refleti bastante na possibilidade de fazer realmente a Iniciação Científica, e se tivesse uma bolsa seria bem vinda.
Essa professora passou a ser minha orientadora e montamos o projeto. Ele foi aprovado e consegui a bolsa PUB, da pró-reitoria de graduação. Isso significava que realmente a ideia era boa e tinha valor. Uma vez ela disse, metaforicamente, ter tirado a rolha de uma garrafa de vinho. Hoje em dia seria ativado esse vulcãozinho.
Durante o semestre lia sobre e fazia os fichamentos, eu pedia para minha irmã e lia e relia o meu texto. No final descobri ser possível com um clique o PDF ser lido em voz alta. Isso foi revolucionário! O computador lê o que está escrito não como eu pensaria ter escrito e por conseguinte leria, além disso ouvindo conseguia perceber as necessidades e fazia os ajustes.
Ademais, me proporcionou ter outras responsabilidades, autonomia, confiança, independência, voz, organizar os pensamentos para então transcreve-los. Eu tinha uma orientadora, porém o trabalho era muito meu, como um filho, partilhava uma mesma essência.
Em agosto entreguei o relatório final com 40 páginas e em setembro o resumo de uma página a ser apresentado e publicado. Nada foi tão verídico do que a citação da citação de uma professora ’’Desculpa por escrever uma carta longa, pois não tive tempo de fazê-la curta’’. Essa citação parece não ter lógica, porém é preciso muito mais esforço para ser sintético. Um texto bom comunica integralmente com o menor número de palavras.
Por fim, no final de outubro, semana de Têxtil e Moda da EACH, não há aulas normais, mas várias palestras com profissionais da área, houve a apresentação (SIICUSP). Estava ansiosa e realizada, por conta da pandemia foi feito de forma virtual, foi chato o áudio ter cortado, infortúnios do novo normal, mas isso não descarta nem um pouco o aprendizado e o valor dela. Ela será para sempre significativa. Não se rejeita uma filha!
Um dia perguntei ao meu pai, imagina você ter uma filha doutora na USP?
E ele me respondeu: É já esteve mais longe!
Fico feliz por essa realização e ter chegado onde cheguei. Se não custa sonhar, por quê não construí-lo?
Até a próxima erupção!!!!!💘💖😘
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