Paraformose: O doloroso canto de uma rosa
-: ....
Oh, que susto lustrosa questão, mas que bela surpresa! Quanto tempo não é mesmo, minha
cara? Com que refinada petulância tem se atrevido nesses tempos de veraneio, interpor-se
sem permissão em minha frouxidão. Não soubera, que tens dado aos dons da espionagem!
Parece que não há como escapar a essa sua obsessão, meu filho! Então se queres mesmo
saber? Depressa! Não se alongue, aprochegue-se! Olhe temos sofás, poltronas, cadeiras,
uma rede, cama e se tudo não for bom lhe ofereço a liberdade do madeiro envernizado a
seus pés. Fique a vontade, sem cortesia. A tanto tempo que já lhe considero de casa.
Então sem mais delongas vamos tentar!!!!
-: Quem sou? ... Quem eu sou?.....Quem sou eu?.....
Quem eu sou, é mais difícil, contudo posso dizer com certeza quem fui.
A tempos tive a consciência de ser uma rosa em uma redoma, e já não me lembrava de ter sido outra coisa.
A rosa existia em seu mundo, entretida no monólogo horas a fio, ninguém podia lhe tirar o prazer daquele lar acolhedor que só ela conhecia. Aos poucos o caule rufava ao tom da dilaceração. Um dia chocou-se ao perceber a barreira incolor. A fenda protegia, mas também segregava-lhe. Em certa medida, ainda simulava o habitat pregresso. Aquela que no começo lhe aquecia, agora asfixiava. O cálice já lhe era muito amargo, corroía as pétalas que logo pendiam petrificadas, tornava-a mais leve e lhe proporcionava, relativamente, alguma pequena sobrevida. Quando o irremediável gongo iria consumar-se, sorrateiramente, surge um raio de sol, lembrando que o inverno tinha seus dias contados. Triunfava a esperança anunciando a estação onde tudo renasce. O sol ora aquecia ora desaparecia, apesar disso mantivera a escuridão noturna a lua e as constelações lhe faziam companhia, velando o finito mistério. As gotículas da serena névoa matutina, brevemente, bordavam aquela capa, e em seguida escorregavam infiltrando-se diretamente às raízes. A dança mantivera o compasso, até o ápice da parábola, deslanchando em depreciação. Logo a vera poderá se expandir. O sol se exibe impiedoso e simultaneamente fertilizava a clássica torrente. Essa alternância era tão intensa que, paulatinamente, se formavam pequenas ranhuras na vidraça até o derradeiro chuvisco estilhaça-la por completo, ao redor os vidrinhos lhe fizeram companhia, por algum tempo.
A tempos tive a consciência de ser uma rosa em uma redoma, e já não me lembrava de ter sido outra coisa.
A rosa existia em seu mundo, entretida no monólogo horas a fio, ninguém podia lhe tirar o prazer daquele lar acolhedor que só ela conhecia. Aos poucos o caule rufava ao tom da dilaceração. Um dia chocou-se ao perceber a barreira incolor. A fenda protegia, mas também segregava-lhe. Em certa medida, ainda simulava o habitat pregresso. Aquela que no começo lhe aquecia, agora asfixiava. O cálice já lhe era muito amargo, corroía as pétalas que logo pendiam petrificadas, tornava-a mais leve e lhe proporcionava, relativamente, alguma pequena sobrevida. Quando o irremediável gongo iria consumar-se, sorrateiramente, surge um raio de sol, lembrando que o inverno tinha seus dias contados. Triunfava a esperança anunciando a estação onde tudo renasce. O sol ora aquecia ora desaparecia, apesar disso mantivera a escuridão noturna a lua e as constelações lhe faziam companhia, velando o finito mistério. As gotículas da serena névoa matutina, brevemente, bordavam aquela capa, e em seguida escorregavam infiltrando-se diretamente às raízes. A dança mantivera o compasso, até o ápice da parábola, deslanchando em depreciação. Logo a vera poderá se expandir. O sol se exibe impiedoso e simultaneamente fertilizava a clássica torrente. Essa alternância era tão intensa que, paulatinamente, se formavam pequenas ranhuras na vidraça até o derradeiro chuvisco estilhaça-la por completo, ao redor os vidrinhos lhe fizeram companhia, por algum tempo.
O sol olhou aquela estranha figura, que aparecia ter saído do nada. Então, irritado, decidiu testá-la com suas labaredas, que refletiam nos estilhaços iam sem dó queimando, ainda mais a rosa, apesar de tudo, se mostrava sobreviver naquela intensa dor. Ao ver isso ele decidiu se esconder atrás das nuvens, mas as vezes gostava de dar o ar da graça afim de ver se ela ficava com medo de sua existência, mas nada mais afetava aquele pequeno ser. O vento auxiliava a rosa a livrar-se das pétalas a pouco cremadas. As quatro últimas, por estarem mais escondidas no botão, fecharam-se e delas um pequeno casulo se fez, nele o inverno pode hibernar. Na primavera verás! O caule deu a forma, o cálice as antenas e pernas, a corola é quem desenha a trajetória a seguir. Ahhh!! Já não ia me esquecendo? Elas, as mais importantes, não é mesmo? As pétalas deram a luz a um belo par de asas. Agora a recém-borboleta atesta poder arrancar os grilhões enraizados na terra a seus pés.
Ela sobrevoa despreocupada. Sem fronteira, não há mais linhas que a domem, vai por ai transbordando jardins!!!!!!
Durante a viagem disparou o relâmpago da consciência. O começo de toda revelação!
Ela sobrevoa despreocupada. Sem fronteira, não há mais linhas que a domem, vai por ai transbordando jardins!!!!!!
Durante a viagem disparou o relâmpago da consciência. O começo de toda revelação!
As rosas não passam de borboletas agonizantes que passaram por jardins que guardavam espinhos ferindo as asas singelas e translúcidas. Como atingida na guerra coloriu-se de sangue, novas camadas se formavam para estancarem a ferida. Esse processo a deixava cada vez mais pesada saturada despencou. Em terra adubada os vidrilhos esvoaçantes erguiam o cadáver, ofertando ao céu o desejo na ânsia de um dia voarem novamente.
Então vamos a resposta?!!! Quem eu sou? Eu sou uma princesa perdida no bosque, enquanto brincava de slackline. Após muitos tombos conseguem encontra-la a tempo de maturar a rainha já destinada a receber e administrar todas as riquezas e a felicidade de seu povo.
Grande observação, obrigada! Serás tormentas ou brisa? Não é mais a questão. Ela mergulha na liberdade de suas acrobacias. Ao astro central eternamente congelado só restará apreciar o cristal que ele mesmo havia libertado.
Grande observação, obrigada! Serás tormentas ou brisa? Não é mais a questão. Ela mergulha na liberdade de suas acrobacias. Ao astro central eternamente congelado só restará apreciar o cristal que ele mesmo havia libertado.
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