Como eu era antes de você?

Olá imagmadx!

Há alguns anos minha irmã comprou os livros ''Como eu era antes de você'' e ''Depois de você'' da Jojo Moyes, além disso visto o filme. Embora eu tivesse o hábito da leitura e gosta-se do estilo histórias do cotidiano adolescente ou conto de fadas tinha resistência com romance, por considera-los clichê, melodrama e altamente desnecessário, mas como diria nosso grande Luiz Gonzaga, não é mesmo?!🎶

Mandacaru quando fulora na seca
É um sinal que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjôa da boneca.
É sinal de que o amor já chegou no coração

Por muito tempo até relutei, mas um dia pesquisando no Pinterest, estavam aquelas citações emblemáticas do filme, conseguindo me afetar profundamente. Então dei uma chance ao gênero, e li. Ok, comecei dando uma espiada no pedaço final da carta. O resumo da história é um jovem rico, bonito e vivaz, entretanto, por conta de segundos, tem sua vida transformada por um atropelamento que o deixa tetraplégico (perca total dos movimentos do pescoço para baixo). Isso fez com que voltasse a morar com os pais e a depender dos outros. A falta de perspectiva resultou no amargor, desprezo, sarcasmo, e súbita tentativa de suicídio. Então estabeleceu-se o prazo de um ano e meio e faze-lo de forma assistida. Na tentativa de faze-lo mudar de ideia a srª Traynor contrata Louisa como companheira.

Louisa Clark tem 26 anos, sem mais qualificações profissionais, por muitos anos trabalhou como garçonete de um café, da sua pacata cidade envolta no turismo gerado pelo velho castelo. Sentia-se acostumada com sua vida, mas tudo muda ao ser demitida, e contratada pelos Traynor's, mesmo sem entender sua função ali.

Em boas aulas de literatura o professor costuma se atentar aos detalhes e as conexões por vezes desapercebidas dos leitores menos experientes. Gostaria de salientar as relações apresentadas, nesse post, foram feitas por arcabouço pessoal, sem nenhum compromisso com a autora. 

Se isso fizer sentido, faz muito sentido. Começarei essa reflexão pelos nomes, Louisa Clark e Will Traynor, pois os sinto muito forte. Uma tentativa de tradução e simbolização requer estabelecer um conjunto de referências concretas. Peço a licença poética para usar o inglês e o francês, não exclusivamente por preferência, até mesmo porque é uma narrativa inglesa e os personagens se ligam também a França. 

Então pensemos! Louisa nada mais é do que a variante feminina de Louis. E o nome Luis propriamente dito significa guerreiro, mas se dissociarmos a partícula lui é dele no francês. Is é o é do verbo ser no inglês. A artigo definido singular e feminino. No inglês will é verbo na primeira pessoa do singular do verbo ser no futuro, mas Will é uma variação do nome William que significa uma pessoa com desejo de proteger. O restante WilIiam - I am -Eu sou.

É bonito como ela se dedica ao trabalho, no primeiro momento pelo dinheiro, contudo desde sempre querendo genuinamente compreender e ajuda-lo. Ele a questiona e encorajou-a refletir sobre si. Ao se abrir as novidades e outras possibilidades, seu universo se expande possibilitando um novo futuro, dando chance a vida!

No livro é nítido a importância e a necessidade de ouvir, não com os ouvidos, mas com o coração. Não querer abafar ou negar o que é ruim e as expressões/pulsões destrutivas e até autodestrutivas existentes. Não é  bom criar suposições, porque supor é dar voz a si mesmo e não ao outro. 

Apesar dele necessitar de cuidados ele passa a se interessar, se importar e cuidar dela, e mais até do que o namorado Patrick, que só pensava em si mesmo e tê-la para si, e no fim resultando no término do suposto relacionamento. É bonito o amor entre Louisa e Will, digo isso, pois a paixão é outra história. 

O fim da história, é claro, não é nada bom, mas acho bonito como ele decide ser verdadeiro com ela, e até meio cínico por tomar sua decisão e dizer uma noticia tão devastadora com uma plenitude e seriedade no rosto impressionante!

Deve ser muito bom, mas na verdade não passa de pura covardia e crueldade manter uma relação por querer o sentimento do outro para sustentar não só um desejo egóico natural, mas sim um eu frágil e narcísico. Seria possivelmente fácil Will aponta-la como culpada por seus desejos e expectativas, pois não incomum a responsabilidade ser transformada em culpa.
Prender alguém a si é o egoísmo mais puro. É preciso ter coragem de dizer a verdade mesmo que doa porque isso é o amor verdadeiro. É... Ele é estranho porque libertar alguém parece e é algo controverso como a força de atrito. O amor extrai o melhor de si mesmo e do outro, mesmo sem saber, sem a menor pretensão de ser exaltação e bajulação, e sim a manutenção e crescimento da relação em si. A construção de um vinculo afetivo deve ser sempre atividade fim, não meio. Meios são descartáveis, se assim estruturado, viola-se o ser tornando-o objeto, como tal inferior portanto não mais envolvendo afeto, mas sim poder logo, possivelmente, abusivo. Como dito anteriormente, em outro post, posse e amor andam em linhas perpendiculares, assim podendo camuflarem-se em algum ponto. Uma pessoa narcisista gosta e usa da omissão e do silêncio para distorcer a realidade por ser uma forma fácil de fazer isso, pois o outro em meio a esse vazio o cérebro racionaliza e aceita tudo como desculpa esfarrapada para preencher a confusão mental instaurada. 

O mais lindo de tudo em ''Como eu era antes de você'' é colocar o fato de que a relação com o outro não é e nem deveria ser neutra, é mera auto enganação achar ou esperar isso quando interagimos com um outro afetamos e somos afetados por ele, de modo a ser impossível sermos iguais, pois há uma modulação própria a esse outro que é única. Ele mostra a importância da presença do corpo e da alma, no sentido de apreciar cada minuto e pessoa ao nosso redor em especial aqueles guardados no coração. O maior presente que se tem é a presença de quem se gosta, e desfrutar de todo tempo que resta.

Talvez seu nome, Louisa, seja muito apropriado pela guerra instaurada entre o lado profissional e o afetivo, embora fosse algo bom e nesse caso em especifico possível. Além disso, porque com a partida dele ela tem o papel e o dever de lutar para enlutar.

Uma história interrompida, sempre deixa a incógnita do porque e como seguir em frente, dando espaço a tentativas exaustivas de entendimento por vezes solitários. Entretanto ele se preparou para aquele momento deixando uma carta, clarificando o que ela representava para ele e como ela poderia levar a vida. Assim os impactos da perda e a elaboração do luto não é solucionado, mas com certeza diminuído pela possibilidade de expressão e conforto emocional. 

Em uma catástrofe, não há como e nem se espera a reconstrução de tudo como passo de mágica. A contensão é o amparo mínimo necessário para evitar o desmoronamento total. Uma casa com rachaduras dá tempo de ir trocando aos poucos, logo tudo vai se encaixar e ganhando novos significados.

Sinto uma certa dificuldade em mentalizar, e me conectar com os personagens de um livro, entretanto já no filme consigo me emocionar com muito mais facilidade, em segundo lugar porque independentemente da descrição imagética, ela se perde na mente dando espaço a uma licença criativa. 

O filme demostra a lapidação sútil no visual de Louisa, mantendo seu estilo próprio porém tornando-o mais leve, menos extravagante e infantil, porque com o passar do tempo ela passa a confiar em Will podendo e querendo ser vista como mulher. A infantilidade era uma estratégia de buscar a rejeição masculina para que não estivesse na mira de um novo estuprador. Também Will passa por transformações abandonando o semblante sobreo e desleixado. Tanto é sútil como perceptível a transformação em ambos os personagens lhes restando apenas a lembrança de uma incógnita fundamental! Como eu era antes de você? 

Por fim concluirei dizendo: Para bem ou para mal é indelével o traçado deixado em cada coração, mas o caminho a ele não!!!


Então, até a próxima erupção!!!!💥💥💖💖

Com carinho, Imagmar-te? 

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